domingo, 22 de julho de 2012

O trem das CEB’s passa na Estação de Itabuna-Ba


SUSTENTABILIDADE, PARTILHA, MEMÓRIA A SERVIÇO DA VIDA

    “Justiça e Profecia a Serviço da Vida no Nordeste” foi a grande motivação que trouxe romeiros e romeiras de todos os estados do Nordeste, à Diocese de Itabuna no Sul da Bahia, para realizarem o 6º Nordestão das CEBs, no período de 19 a 22 de julho de 2012, com a intensa participação dos representantes de cada um dos cinco regionais nas oficinas temáticas, plenárias, na fila do povo e nas celebrações. As reflexões foram abordadas de maneira muita profunda pelos excelentes assessores que se fizeram presente no encontro.
     Viabilizar a realização do 6º Nordestão das CEBs; qualificar a participação dos Romeiros e Romeiras do Nordeste para intervenção no 13º Intereclesial, além de proporcionar reflexão e atuação consistente e aprofundada sobre subtemas relativos ao tema “Justiça e Profecia a Serviço da Vida no  Nordeste; obter um melhor conhecimento das culturas e povos do Nordeste, seus problemas e suas aspirações, para a construção do 13º Intereclesial das CEBs e fortalecer a participação e autonomia dos participantes, para o enfrentamento das dificuldades e quebras de paradigmas que surgem no decorrer da caminhada, foram os objetivos que nortearam o evento.
      A ecologia, as políticas públicas, os grandes projetos que agridem as comunidades tradicionais, profetas e profetisas de ontem e de hoje, os desafios e as perspectivas no campo e na cidade, os movimentos sociais a serviço da vida no Nordeste, e a busca da sustentabilidade foram os temas abordados nas oficinas.
      As palavras da oração do 13º Intereclesial foram também a tônica em todas as reflexões, abordadas desde a análise da conjuntura: “Denunciando a economia neoliberal dos grandes projetos depredadores, da seca, da cerca, do consumismo e da exclusão”. 
Um batalhão de voluntários anônimos formaram as diversas equipes de serviço que deram todo o suporte a este grandioso evento, e de forma silenciosa e competente abrilhantaram ainda mais o sucesso do 6º Nordestão das CEBs.

E o inesperado ocorreu...


    Último dia de Encontro, Regional Nordeste I fica responsável pela liturgia da Missa de Encerramento. Organizaram-se em reunião para celebrar a finalização de mais um Encontro de CEB’s, que fosse a “cara” das CEB’S. Além das músicas escolhidas dentro do contexto das discussões realizadas no Nordestão, das preces, haveria uma introdução com os Pataxó Hã Hã Hãe fazendo uma oração, um ritual característico deste povo, como um exercício do que religiosamente falamos a cada encontro, cada estudo e reunião sobre o ecumenismo e o respeito às diversas formas de culto à divindade. No entanto, este ritual proposto foi cortado, assim como algumas das músicas escolhidas pelo grupo.
       A indignação foi perceptível em cada olhar dos que se dedicaram para a realização da celebração. Choros, críticas, raiva... Em um misto de revolta, de garra, de certeza do que prega o Evangelho, da missão de profetas e profetisas, da justiça, temas tão discutidos nesses dias, uma resposta foi elaborada e dada em um momento lindo, daqueles que temos a certeza de que Deus está presente nas ações, na militância, na música que se faz oração.
      Entoando cânticos de fé, de celebração, os Pataxó Hã Hã Hãe, chamados a celebrar no momento de Ação de Graças, entraram e nos mostraram o exercício do perdão e da luta. Animados e animadas pelo espírito de justiça e profecia, representantes do Nordeste I se reuniram aos indígenas e em uma ciranda gritaram: “Índios, negros, mulheres em ação, na luta permanente pela libertação".
     Desta forma, envolveram todos e todas em uma verdadeira Ação de Graças característica das celebrações pela VIDA que nos animam para caminhada. Característica presente no espírito de comunidade que nos envolve e anima, que nos chama para a vivência do Evangelho junto ao povo, aos pequenos, aos diferentes, mas iguais, pois entendemos que falar de justiça, falar de profecia e não acolher o diferente é no mínimo contraditório. 

PISA LIGEIRO, PISA LIGEIRO, QUEM NÃO PODE COM FORMIGA NÃO ASSANHA O MANGANGÁ(FORMIGUEIRO)

CEB's na busca da sustentabilidade

    O Assessor Reginaldo Figueredo sustentabilidade de cada um dos sustentabilidade,  desprendimento formador do Curso de Formação de presentes à tenda. Vários foram os das coisas materiais, aprendizado, Formadores em Economia Solidária, “ nós ” ( desafios ) desatados : desafio para as atividades de desenvolvimento de Projetos Sociais: desperdício, consumo exagerado, artesanato, novas alternativas para os Cacos e Cores. Começou os trabalhos cuidado com os problemas da jovens do meio rural, desigualdade com a dinâmica dos “nós”. Uma corda comunidade, reaproveitamento das social, violência, desistência. Chamou com vários nós foi colocada no chão e “coisas”, o artesanato como meio de a atenção para a responsabilidade de os presentes foram estimulados pelo vida, o descarte indevido do lixo, cada um sobre a temática, enfatizando palestrante a irem ao centro da sala e, agricultura familiar, aquisição de que a sustentabilidade é uma questão pegando a corda, desatasse um dos experiências para levar para as de liberdade e que é o ser humano que nós, identificando naquele ato comunidades, individuaissusemo e es tá gerando problema s que  simbólico , q u a l o n ó d a comodismo, ampliação do conceito de dificultam a sustentabilidade.

“Ele era um grande líder”: afirma irmã de Galdino Pataxó

     Yaranauy Pataxó, irmã do índio Galdino Pataxó, morto em Brasília há 12 anos, após ser queimado por jovens da classe média, filhos de autoridades, que alegaram em sua defesa terem pensado se tratar de um mendigo (como se isto fosse coerente) esteve presente no VI Nordestão de CEB’s e relatou todo o sofrimento pelo qual sua família passou durante aquele episódio. Inicialmente, ela cantou um “mantra”, depois falou de seu irmão, adjetivando-o de grande líder, dono de uma sabedoria que ela atribui a um dom de Deus. Yaranauy Pataxó se emocionou ao falar da terra conquistada em um território que compreende terras nos municípios de Camacan, Pau-Brasil e Itajú do Colônia totalizando 54 mil km², dizendo ser o legado de Galdino para seu povo que doou sangue pela vida, além de outras 21 lideranças torturadas e mortas com requintes de crueldade. Yaranauy lembrou também das três filhas de Galdino, hoje adolescentes e que eram crianças quando ele morreu e de todo o sofrimento enfrentado por perder seu pai ainda pequenas. Ela afirmou não ter raiva dos executores de seu irmão, inclusive desejando um futuro bom para eles em um mundo justo, como o idealizado por seu povo. Creditou a Deus o fato de Galdino ter sobrevivido até a família chegar a Brasília, pois ele foi queimado no dia 19 de abril de 1997 e somente veio à óbito quando seus pais o encontraram no hospital no dia 21 de abril e ainda denunciou a FUNAI e o Governo Federal por tentar esconder o incidente. Yaranauy lamentou ainda a perda dos pais que faleceram, segundo ela, de depressão, após o incidente.
     Este relato nos faz refletir: Quantos índios, pobres e sem terra, irão morrer para que haja a partilha da terra de forma justa e igualitária em nosso país?

CEB’s e Movimentos Sociais – A Serviço da Vida no Nordeste

     Esta oficina foi coordenada por Maria das Chagas e iniciada com a apresentação de Yara Nauy, irmã de Galdino Pataxó, que falou sobre sua dor ao perder seu irmão e da luta dos povos indígenas. Frei Gilvander começou falando sobre a separação que vem ocorrendo entre as CEB’s e os Movimentos Sociais, ressaltando a ideia da beleza e seguimento do Evangelho que geram este casamento. Ainda rememora o Vaticano II e a CELAM (Conferência Episcopal da América Latina) com a preferência pelos pobres e o incentivo ao protagonismo.

     Algumas pessoas relataram sobre suas experiências de mais de quarenta anos de CEB’s: José Alves (Diocese de Bacabal-MA), Lourdes Dias Paiva Nogueira (Diocese de Imperatriz-MA) e Pe. Felício. Gilvander encerrou salientando a necessidade das CEB’s voltar a aparecer e de todos levantarem a sua causa. “Precisamos fazer uma microcomunicação mais forte, utilizar os meios disponíveis para mostrar a nossa cara”.

Espiritualidade Ecológica

     Na oficina “Espiritualidade Ecológica”, na sexta-feira, 20, coordenada pela Irmã Gerusa Félix, após as apresentações dos participantes, houve um momento de reflexão sobre o trabalho evangelizador e em defesa da vida do povo que o homenageado, Padre Cícero, realizava nas comunidades pobres do nordeste, mais especificamente, em Juazeiro-Pe. Em seguida, o Frei Luciano Bernardi apresentou o tema “A fé cristã e a Ecologia”, e enfatizou que a Igreja passou a observar o quanto é importante se preocupar com a ecologia diante da realidade atual e que a ecologia é um novo meio de Deus na vida do povo. Ao falar sobre as principais preocupações ecológicas: ecológico-ambiental, ecológico social, ecológico integral e ecológico-mental, Luciano acrescenta que a população mundial só saldará esta dívida com a “moeda” cuidado com a natureza, e finaliza: “Pagando esta dívida não estaremos perdendo, mas ganhando em vida. Ou mudamos ou morremos. Essa mudança é necessária e urgente. Nela há esperança e vida para nós e para a terra”.